terça-feira, 22 de outubro de 2013

Um canto, um amor.


E ninguém sabe o por que dela chegar ali. Meia arrastão rasgada, maquiagem borrada, semblante gasto, passos tortos, salto sujo, dor que embala o olhar cansado. Mais uma noite. Mais um dia. De merda. Ela costumava ser uma menina doce, ela costumava ser. Passado. Pra que tudo isso quando no final você se pega sozinha com exceção da companhia de um cigarro inacabado e meia garrafa de vinho? Ah! Tem as lágrimas também..e um sentimento de vazio, inconformação, incompletude. Ela chora um poço todo dia. Que merda. Ela passa no descompasso, quase cai, normal, olhares a perseguem, aproximações acontecem. Faz parte. Mas dessa vez é do tipo de aproximação que te causa náusea, a contra-gosto, fuga. Da fuga. E ninguém sabe o por que dela chegar ali. Ambientes insalubres, comportamentos mórbidos, baixo preço, no feelings. É uma merda. Quem vê de fora nem imagina que ela faz das tripas coração, literalmente e as devora, descontente, impaciente, doída. Sangue nos dentes. Sangue no peito. E ela ainda dança. Tem que dançar. Tem que dar um jeito. Mas que jeito? Essa decadência toda só demonstra o quanto a vida a tornou uma princesinha em estado de deterioração. Ela pisou, iludiu, machucou, colocou a cabeça dela num balde de água fria em plena madrugada. Sempre assim. Essa merda. Esse quase. Esse pode ser. Esse inacabado. Sempre. Andando nas calçadas noite afora, a cada passo deixando um pedaço de si, ela segue..sem seguir..sem rumo, mas com aquele nome em cada respiração, cada muro, cada pensamento, cada facada, cada cédula, cada vício, cada silêncio, cada grito, cada ela. Cadê ela? E ninguém sabe o por que dela chegar ali. Cadê você? Mais uma noite. De merda. Um palco, uma dor, tudo isso por um amor que embarcou mas ficou. Ficou. Fica. Ficará. E a cada dança a esperança, que a doçura possa voltar e como par, nos embalar. Canta pra mim, danço pra você. Faz um compasso comigo. Fica comigo. E por um segundo ela pôde ouvir tua jura cantada em verso florido ao pé do ouvido. Até que a luz vermelha chamou pra mais um ato. Sonho. Vontade. Saudade. E quem foi que disse que amar não dói? E quem foi que disse que é fácil se despedir? Se despir? E ninguém sabe o por que dela chegar ali. Dói. E ama mesmo assim. Cadê o teu cantar? Encantou. E voou. Ecoou. Como o amor.

(Thaís Tenório) :D

"..saudade é não saber. não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento , não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.."

[Martha Medeiros] :D

PS: sem muito a declarar..:/
PS do PS: beijos e beijos ;*

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