quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O balanço de um respirar ou da falta de ar.



Poucas eram as coisas que já a tinham deixado sem ar. Poucas mesmo. A graça da coisa? Ultimamente ela tem vivido como se seus pulmões estivessem se despedindo do seu corpo e acredite, não, isso não era algo ruim. Longe disso. Pela primeira vez a falta de ar era confortável, prazerosa. E a cada dia ela se surpreende mais com este fato. Não é pra menos, afinal, as únicas vezes em que isso ocorrera os motivos eram o medo de algum lugar muito alto ou um banho muito gelado num inverno intenso..por algum ato de violência urbana ou até mesmo um pesadelo profundo. Falta de ar era sinônimo de aflição, angústia, terror, medo. Poucas eram as coisas que já a tinham deixado sem ar. Poucas mesmo. Mas cada vez que ela prevê seus passos antes mesmo que você os dê, lhe falta o ar. Cada vez que o telefone chama e ela vê uma certa foto, lhe falta o ar. Quando o dia amanhece ou quando nem se dorme direito dividindo afazeres à distância, lhe falta o ar. Quando a semana acaba, lhe falta o ar. A sonoridade de um certo nome, lhe falta o ar. Ao lembrar de tamanha leveza, beleza, lhe falta o ar. Aquelas carícias, lhe falta o ar. Sonhar o sonho que não é mais sonho, lhe falta o ar. Observar o sono, lhe falta o ar.  E olha, poucas eram as coisas que já a tinham deixado sem ar. Poucas mesmo. E logo ela que tinha medo de altura, se via distante do chão, num balançar que varia entre compassos de saudades e felicidade. Ela balança, no alto, e pela primeira vez, não temia, aliás, parecia até que nasceu pra ser pássaro, pássaro este que voa no teu céu, brinca com tuas nuvens, se banha na tua chuva, enamora teu Sol, conversa com tuas estrelas, admira tuas cores, aceita teus céus. E ela voa, satisfeita, ousando mais a cada voo, ficando sem ar. Ficando sem ar e feliz por isso, também pudera! Poucas eram as coisas que já a tinham deixado sem ar. E poucas eram as coisas que valiam o risco do balançar. E ela balança. No alto. Forte. Sem medo de cair, afinal, pássaro nasceu pro céu, céu acolhe pássaro, teu céu, meu pássaro, enlaço

( Thaís Tenório ) :D

"..se o meu lar for onde houver tua respiração, vou morar na tua voz, ao menos até o final dessa canção.."

[ Visconde ] :D

  • Palavra do dia: voar.
PS: beijos e beijos ;*


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