segunda-feira, 28 de abril de 2014

Passos apressados de um mesmo lugar.



Ela se vestiu de sangue, suor e lágrimas. E correu, correu muito. Mas pra que, afinal? Talvez fosse a única coisa que no momento, seu corpo fosse capaz de fazer pra aliviar a cabeça que ela própria carregava.. e os ombros..e o coração. Ela correu, e correu muito. E enquanto corria ela não sentia nada além do cansaço..ela não sentia os cacos que machucavam seus pés descalços, nem a chuva forte que esculpia ainda mais suas curvas ao deixar sua roupa transparente e colada, nem o frio que o vento trazia, nem a ameaça dos animais selvagens que a observavam no decorrer do caminho, nem a dor, nada..só o cansaço..e o sangue, o suor e as lágrimas. E ela correu, correu muito. Ainda corre. Na verdade, talvez ela tenha medo de parar e se deparar com certas coisas que vão além do seu controle. Talvez por temer dormir para sempre, o que algumas vezes, não parecia ser uma total má ideia. Mas tinha medo. Então, ela corria..muito e sem parar. Mas por mais que ela corresse, sempre existe aquilo que lateja e caleja ali dentro. Por mais que ela corresse, sempre tem aquilo que fica marcado à fogo na pele. Por mais que corresse, sempre tem aquilo que sempre é possível alcançar. Sempre tem aquilo. Aquele. Aqueles. Isso. E o sangue, o suor e as lágrimas..e o medo. Sempre. E ela correu, correu muito..ela tentou ao máximo não precisar parar. Até que um dia, o vento trouxe aquele pedaço de papel que era impossível não reconhecer. E então, ela parou. Quase sem forças, caiu no chão com o papel. E então, agora haviam ela, o papel, o cansaço, o medo e as lágrimas..sobretudo as lágrimas. Após um tempo estacionada ali no chão regado à folhas secas, ela se deu conta: talvez sua corrida tenha sido em vão..pra que correr tanto afinal? Pra que correr tanto se aquele papel estava ali, em suas mãos novamente. Pra que correr tanto? Talvez porque correr fosse a única solução no momento..ou, talvez correr não levasse a solução nenhuma. E ela correu, correu muito. Para enfim perceber que estava parada no mesmo lugar. Aquele mesmo lugar.

( Thaís Tenório ) :D

"..mas às vezes, não importa o quanto você ama alguém, elas simplesmente não podem te amar da mesma maneira.."

[ Grey's Anatomy ] :D

  • Palavra do dia: baú.
PS: sem mais, beijos e beijos ;*


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