quarta-feira, 12 de novembro de 2014

"Sem título", por vontade própria.



A xícara com o café frio ainda estava sobre a mesa. Na pia, alguns pratos ocupavam espaço. Do chuveiro, caía aquela gota inconveniente só para não deixar o silêncio tomar conta do ambiente. O vento balançava as cortinas e refrescava aquela solidão. O tic-tac do relógio de parede não permitia o esquecimento do fato de que: o tempo passa..ainda..e sempre. Os pássaros ainda cantarolavam lá fora por entre as árvores. Ainda existe melodia. Na cadeira, o vestido recém comprado para uma data especial, apenas servia de mensagem melancólica sobre o que não iria se realizar. A correspondência fazia tumulto na porta de entrada..fechada. É incrível como uma casa tão bela poderia estar tão abandonada. Sim, ela sabia que há beleza demais nisso também, afinal, era apreciadora desse tipo de ambiente. O que a perturbava era o fato das pessoas não desejarem consertarem as coisas ou pelo menos conservarem alguns cômodos da maneira que costumavam ser. Simplesmente desfrutam de cada um, por vezes, tira-lhes o que lhe é de interesse e na primeira rachadura na parede, abandonam o lar. Mas nem tudo que é abandonado está só. Ainda restam o vento, os pássaros, as árvores, o café..o tempo. O tempo. Esse que tanto faz e desfaz..tanto destrói quanto constrói..esse que é eterno e contínuo e do qual não temos como fugir. E pra que fugir? Não havia ninguém ali, no momento. A porta estava trancada e tumultuada, contudo, existia uma janela aberta. Existe uma janela aberta.

( Thaís Tenório ) 

"..estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. vejo sua feiúra e sua beleza e me pergunto como uma coisa pode ser as duas.."

( A menina que roubava livros )

"..o que uma pessoa diz e o que acontece costumam ser duas coisas diferentes.."

( A menina que roubava livros )

  • Palavra do dia: incompreensão
PS: sem muitos ps's por hoje..